Vivemos em um mundo onde somos encorajados o tempo todo a sermos totalmente autoindulgentes mas totalmente desguarnecidos de indulgência para com o próximo. Somos também desencorajados na sociedade contemporânea a demonstrarmos autocontrole em todos os sentidos, por isso o caminho da indulgência torna-se contrário ns nossas ações. Dizem-nos “faça o que quiser fazer; seja feliz, você merece; Você deve isto a si mesmo.”
O termo indulgência vem do latim e tem origem na palavra indulgentia, que significa perdão para uma pena, perdão para uma falha, bondade. Em termos sociais, um indivíduo indulgente seria aquele que é capaz de agir com bondade e tolerância em relação às ações e particularidades de outros, além de perdoar as diferenças.
A indulgência é uma qualidade humana, é um dos sentimentos mais elevados espiritualmente falando, que pode ser desenvolvido por todos os seres humanos, e que todos deveriam conhecer, pois caracteriza-se pela compaixão que se demonstra pelo próximo e pelas suas imperfeições. Representa a bondade e a capacidade de ser tolerante perante as ações, atitudes e particularidades de cada indivíduo.
A indulgência está relacionada diretamente com a tolerância e clemência para com o outro. É uma das virtudes que exerce a postura compreensiva, que se adota perante as faltas e imperfeições do nosso próximo. Ser indulgente é saber relevar, perdoar e esquecer tudo que possa ser reprovável no comportamento dos nossos semelhantes.
Posso ser Indulgente para Comigo?
A autopiedade e os vícios são autoindulgências excessivas que podemos nos dar como prêmio de consolação. Certo? Vou explicar! Somos inundados todo dia pela mentalidade de que “mais é melhor”. Mas veja, há uma linha tênue entre a autoindulgência e o autocontrole. Não é mais interessante desenvolver dentro de nós o autocontrole, para que não precisemos buscar em nossa subjetividade a autoindulgência?
De acordo com a definição de autoindulgência, entendemos que é uma “gratificação excessiva ou desenfreada dos próprios erros, apetites, desejos ou caprichos”. Em contraste, a definição de autocontrole é “controle exercido sobre os nossos próprios impulsos, emoções ou desejos”.
Por outro lado, a indulgência vinda do coração em relação a uma outra pessoa que errou, que falhou, nos leva quando preciso, a esclarecê-la sem magoar ou ferir e compreendendo as suas deficiências, mas sem qualquer prurido de falsa superioridade.
Jesus condenava a maledicência, e para nos advertir disse:” Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que tens no teu?” Para nos ensinar, utilizou a imagem do argueiro e da trave como pontos principais de Sua pregação. O argueiro é uma pequena partícula, um cisco, coisa sem importância, e, na alegoria , simboliza os defeitos que notamos na vida dos outros. Já a trave é uma grande viga de madeira usada em construções , que simboliza os erros que cometemos e as imperfeições de nossa alma.
Somente quando reconhecermos nossas “traves” ( isto é, perceber os vícios que limitam nossa marcha evolutiva ), é que poderemos ver com lucidez que, realmente, são elas as verdadeiras fontes de infelicidade, que nos distanciam da paz e da harmonia que tanto buscamos.
Ser indulgente
Normalmente diante de fatos desagradáveis da vida, seja por chateações, aborrecimentos ou estresse, sempre julgamos, somos reativos e até maldosos. Esse é sempre o nosso primeiro impulso, ou seja, não raciocinamos nossas atitudes momentâneas e esse impulso geralmente pode ser equivocado e desastroso.
Sabermos olhar para o nosso próximo com ternura, é uma questão de consciência e muitas vezes de caridade. Quem é propenso a ser indulgente não aponta os defeitos do outro e nem conspira contra ele com a malevolência, assim como não dissemina falatórios e comentários que possam denegrir a imagem do seu colega de evolução.
Não julgue seu próximo com severidade, lembre- se que você não é Deus, não faça ao outro o que não gostaria que fizessem a você. Sem indulgência a vida perde seu significado e o ser humano torna-se agressivo, frio e extremamente severo.
Quando você pensa sobre sua vida, você diria que sua vida está sob controle hoje em dia?
Reflita:
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Você está se entregando mais do que o normal à comida, gastos, tempo de tela, jogos, jogos de azar, compras, sexo, fofocas, álcool, drogas, falações vazias, críticas destrutivas às outras pessoas….etc.?
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Você está descobrindo que está gastando horas fazendo essas coisas e que outras áreas de sua vida estão sofrendo?
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Você gostaria que sua vida fosse mais equilibrada? Mesmo depois de se entregar a tudo isso de tão pernicioso, você já se pegou pensando…em reciclar a sua existência?
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Você está ciente de por que você se volta para “coisas, hábitos nocivos?” Você está consciente do que está pensando e sentindo antes de se entregar? Você pode rotular o sentimento que está experimentando antes de recorrer ao seu “vício”? O que está impedindo você de se livrar de seu hábito negativo?
Viver uma vida de autocontrole é um processo existencial de lucidez, é uma escolha espiritual. Desenvolvemos isso ao longo do tempo, aprendendo através do que estamos fazendo e por que estamos fazendo.
Fazer perguntas como: o que estou tentando evitar? Que sentimento estou tentando anestesiar ou “automedicar”, nos ajuda a tornarmos conscientes e tolerarmos certos sentimentos desagradáveis, o que geralmente leva tempo. Tenha paciência, que é uma das mais lindas virtudes humanas.
Precisamos ser pacientes conosco, fazer parceria com um bom terapeuta ou amigo de confiança ajuda muito, e estar dispostos a descobrir a causa raiz de nossos comportamentos negativos é a chave necessária. Ao fazermos isso, podemos aprender a adotar novas estratégias para lidar com pensamentos e sentimentos desagradáveis e assim escolher alternativas mais saudáveis para nos sentirmos mais no controle de nossas vidas.
O autocontrole é em última análise uma excelente escolha. Escolher fazer o que deve ser feito mesmo quando os impulsos desenfreados querem te jogar para um lado mais negativo da vida, é manter as rédeas existenciais diante da impulsividade.
Pensar antes de agir e considerar as consequências dos nossos atos revela maior maturidade espiritual. Ao fazer isso, eliminamos a pressão interna e reconhecemos o quão humanos somos, mas que mesmo assim podemos evoluir nos transformando para melhor. Você já experimentou essa experiência?
Autocuidado versus autoindulgência
A autoindulgência é caracterizada por fazer ou tender a fazer exatamente o que se quer, especialmente quando isso envolve prazer ou ociosidade, ou falta de controle. É a solução rápida ou o prazer instantâneo. Coisas que são fáceis de fazer no momento, mas provavelmente não agregarão valor a você a longo prazo. Exemplos comuns de auto-indulgência incluem o seguinte:
- usar as redes sociais por tempos prolongados e sem pensar
- fazer uso de automedicação, comer ou beber demais
- assistir horas de TV irracionalmente
- extrapolar seu tempo e energia para coisas inúteis
- ficar acordado até tarde, e acordar muito tarde pela manhã
Durante esse mês, faça uma pausa, reflita sobre sua vida e as decisões que está tomando. Lembre-se de que somos todos um trabalho em andamento. Vamos embarcar nessa jornada juntos. Torne-se mais consciente das áreas de sua vida que exigem mais autocontrole e menos autoindulgência.