Fé, Esperança e Amor

 

A ciência se curvou aos fatos, ou seja, dezenas de estudos mostram que fiéis são mais felizes, vivem mais e são mais agradáveis. Mas também não há dúvidas de que é possível reproduzir esses efeitos em ateus e em pessoas sem nenhuma religião.

 

O Propósito da Fé

Hoje, as principais faculdades de medicina americanas dedicam uma disciplina exclusiva ao tema. E, na última década, uma série de estudos mostrou que os benefícios da fé à saúde têm embasamento científico. Devotos vivem mais e são mais felizes que a média da população. Após o diagnóstico de uma doença, apresentam níveis menores de estresse e menos inflamações. “O paciente com fé tem mais recursos internos para lidar com a doença”, diz Paulo Lima, coordenador do Serviço de Medicina Integrativa do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

 

A fé também tem uma relação íntima com a felicidade. Um estudo feito na Europa mostrou que pessoas espiritualizadas se dizem mais satisfeitas do que aquelas que não se consideram como tal. Parte disso se explica na natureza de ateus e céticos em geral. Quem não acredita em nada pode ter mais propensão ao pessimismo porque faz uma leitura objetiva da vida, sem crer em algo divino que mude as coisas. Por outro lado, a certeza da existência de uma recompensa divina muda a vida das pessoas. E não é questão somente de otimismo.  Tem muito pragmatismo nisso.

 

 

A genética também ajuda a explicar a origem da fé. O geneticista americano Dean Hamer causou rebuliço no meio científico em 2004 ao anunciar a descoberta dos genes da fé – ou, como ele preferiu chamar o gene de Deus. Batizado de VMAT2, trata-se de um conjunto de genes que ativam substâncias químicas que dão significado às nossas experiências. Eles atuam no cérebro regulando a ação dos neurotransmissores dopamina, ligada ao humor, e serotonina, relacionada ao prazer. Durante a meditação, por exemplo, esses neurotransmissores alteram o estado de consciência.

Exames de neuroimagem mostram a atividade de crenças espirituais no cérebro. O time de cientistas liderado por Andrew Newberg, professor da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, e autor do livro How God Changes Your Brain (“como Deus muda o seu cérebro”), demonstrou que Deus é parte da nossa consciência: quanto mais pensamos nele, mais nossos circuitos neurais são alterados.

 

No primeiro de seus estudos a respeito, Newberg avaliou o impacto da fé ao analisar imagens cerebrais de freiras rezando e budistas meditando. Ele detectou aumento de atividade em áreas relacionadas à às emoções e ao comportamento e redução na zona que dá senso de quem somos. A diminuição de trabalho nessa região específica, segundo Newberg, representa a possibilidade de atingir com a meditação um estado em que se perde a noção de individualidade, espaço e tempo. “Você se torna um único ser com Deus ou com o Universo”, escreveu em seu livro.  É o mesmo efeito descrito por Hamer. A ciência não pode provar que Deus existe, mas consegue medir os efeitos da crença no divino nas pessoas.

 

.A religião é uma maneira para se praticar a fé por meio de regras específicas e dogmas. Já a fé é algo pessoal, ligado  à espiritualidade, a busca para compreender as respostas a grandes questões sobre a vida, o Universo e tudo mais.

Newberg resolveu passar  algumas coisas a limpo e pediu a um grupo de ateus que pensassem em Deus. Nenhuma mudança significativa ocorreu. Para eles, não fazia o menor sentido. Dessa forma,  nessa linha de pensamento, o melhor é se engajar em atividades em que você realmente acredita.

 

Se você não quer fazer parte de uma igreja, o psicólogo Michael McCullough lembra que algumas ONGs têm regras de conduta e convivência semelhantes, reproduzindo os mesmos mecanismos das religiões que incentivam compaixão, autocontrole, senso de comunidade e comportamento ético.

 

Da mesma forma que é possível ter os benefícios da fé mesmo sem religião, há ocasiões em que ela faz mal – e nem precisamos entrar no mérito das guerras religiosas. Atribuir a Deus poderes milagrosos pode levar pacientes a abandonar tratamentos médicos.

 

Há também um outro componente preocupante, pois em algumas pessoas, ocorre o que os especialistas chamam de conflito religioso, que é um sentimento que leva a acreditar que a doença ou os sofrimentos são punição divinas.  Nesses casos, a religião tem um efeito desastroso. Um estudo publicado na revista científica americana Archives of Internal Medicine mostrou que esse conflito está associado a depressão, ansiedade e maior índice de mortalidade. Se fosse bom, fé cega não teria esse nome.

 

O Propósito da Esperança

 

A esperança é definida  como “um sentimento de expectativa e desejo de que algo aconteça”. Também pode ser definido como “um sentimento de confiança”. Portanto, a fé é a crença de que há algo melhor a buscar, enquanto a esperança é a expectativa, ou a certeza, de que existe algo melhor. A esperança é o combustível que mantém a fé viva.

 

Fé, Esperança e Amor: O Ciclo Perpétuo da Vida

 

Se fé , esperança e amor são as coisas que duram para sempre, fica claro que essas são as coisas que se pode buscar em nossas vidas. Alguns podem ficar preocupados com a ideia de saber qual é o objetivo final, que talvez não haja sentido na vida se não houver mais nada a descobrir.

 

Encontrar fé , esperança e amor por nós mesmos não marca o fim de nada. Pode marcar o começo. Se você já esteve em sofrimento  você conhece o poder de alguém mostrando-lhe bondade ou acreditando em você. Quando você vê amor, você desperta uma nova crença do que você poderia ser. Então você fica esperançoso de que ainda há coisas boas neste mundo. Então você se ama. Então você compartilha o amor com os outros e inicia esse ciclo continuamente. Este é o nosso começo, nosso novo começo e nosso para sempre, tanto para nós quanto para nossos semelhantes.