Por quê será que preferimos ficar fixados nas nossas referências concretas e posses materiais, que são absolutamente transitórias quando pensamos na vida humana?  Por que será que não nos lançamos a uma introspecção mais espiritualizada e que possa nos conduzir à compreensão de que existe algo além da vida material? Por quê não constatamos por nós mesmos que há uma existência humana que vá “além” da vida material,  e que esse “além” não é nada temporário e nem é superficial?

Não é fácil responder a essas perguntas, mas de início podemos pensar que a maioria de nós ainda fica fixada na materialidade da vida cotidiana, justamente  porque essa postura existencial não solicita nenhum autoconhecimento espiritual. Dessa forma, como uma criança,  muitas vezes ainda não estamos buscando nada “além” porque ainda não nos autoconhecemos.

A raiz disso e de todos os problemas humanos,  infelizmente se concentra na emoção do medo. No entanto, uma coisa é sentir medo, pois somos humanos, frágeis e limitados; outra coisa, porém, é permanecer paralisado com medo de arriscar e não se aventurar por novas terras, na descoberta infindável que é a vida espiritualizada.

Desafiando os medos aprende-se a ter coragem.Cada medo não resolvido é um peso na vida. É preciso descobri-los, identificá-los, nomeá-los e tomá-los como são até que se possa dissolvê-los em consciência e coragem. Para tentar vencer o medo,  nos apoiamos erroneamente no nosso orgulho, vaidade, egocentrismo, arrogância, alienação, agressividade, tentando nos passar por destemidos.  Usamos essas muletas emocionais deletérias como forma de auto-proteção ao medo.

Qual será o maior medo que é comum a todos e que também carregamos na nossa subjetividade? É simplesmente descobrirmos através do autoconhecimento quem somos, mas quem somos de fato. E por quê? Porque se nos autoconhecermos com total honestidade existencial,  ficaremos profundamente chocados como somos e quem somos de verdade. Sabe por quê? Porque acreditamos tanto no nosso ego, no nosso eu pessoal, que sempre nos ilude o tempo todo, e que reforça em nós uma auto-imagem maravilhosa….. mas tão falsa…….

Você sabia que o medo é a grande arma usada como manipulação das massas? Sabe aquele tipo de pensamento realizador que nos disseminam,  simplesmente sufoca novas ideias que poderiam ser novos caminhos para nós.  Sem novas ideias e portanto sem novos comportamentos, propósitos e motivações, todas as vezes que supostamente tenhamos condições de nos melhorar como humanidade, nós simplesmente pioramos porque não saímos do lugar.

Precisamos realmente repensar as nossas posturas, ideologias materialistas, comportamentos nefastos e principalmente a nossa interrelação com o mundo, com as pessoas e até conosco mesmos. A porta de saída de nossa falta de lucidez,  é abrirmos mão do extremo materialismo que nos move para o egoísmo, competitividade desonesta, senso de superioridade e de arrogância,  para adentrarmos na nossa programação existencial em direção à construção de novos valores éticos, espirituais, morais.

Será isso possível? Como fazê-lo se temos receio de entrar em contato com o nosso pior lado, que é a nossa sombra que nos tira a suposta luz que acreditamos ter e viver. Essa sombra que nos move para o mundo do consumo exacerbado, do materialismo irracional, da concretude, da falta de espiritualidade, da empatia, da compaixão, e que nos abastece da vaidade, do senso de superioridade, do egocentrismo, do egoísmo…….nos afasta da Luz…

Em todos os tempos as massas se apegaram aos paradigmas vigentes de época, justamente porque eram metodologias de pensamento que asseguravam respostas prontas e pré-fabricadas. Sempre existiu o fundamentalismo religioso assim como o fundamentalismo da ciência.

A crença do senso comum,  é que quanto mais eu entrar em contato com tudo aquilo que me afasta da Luz e continuar dessa maneira no mundo das sombras, menos eu vou sofrer. Alguém nos fez acreditar que essa seja a alternativa inteligente e que nada teremos que justificar a nós mesmos como também não faremos nenhum esforço para nos melhorarmos diante do macrocosmo, de uma inteligência universal.

A Terra a cada dia passa por transformações profundas. Uma metáfora para entendermos isso é imaginarmos um quarto totalmente bagunçado e que quando chega no limite da bagunça, é aquela hora que olhamos para aquilo tudo e vemos que não tem espaço para mais nada, justamente porque ali  já virou um caos. Essa é a nossa relação atual com o nosso planeta.

Dessa maneira, o planeta vive metaforicamente isso, como se fosse um quarto totalmente desorganizado. Será por isso que nos atravessa uma dor coletiva? Tantas tragédias coletivas! A própria Covid impactou todo o planeta!!! Vamos refletir que tudo a nossa volta pode ser um manancial de ferramentas existenciais,  para que todos juntos possamos reorientar os nossos caminhos, justamente porque toda a humanidade já chegou a um ponto de saturação.

A transição planetária é como uma nuvem carregada. As pessoas já estão saturadas e  buscando  novos modelos de vida.Tudo o que é muito ruim está visível a todos, mas tudo o que é muito bom, também está visível a todos!!! Pense, reflita e tome o seu lugar nesse mundo de regeneração. No tempo das grandes navegações, toda aquela gente acreditava e era temerosa do paradigma vigente da época que sugeria que os grandes oceanos terminavam em abismos terríveis com monstros e fantasias absolutamente irracionais.

Muitos ainda acreditavam que a Terra era plana e outro ponto importante para essa limitação era o escasso conhecimento cartográfico. Os mapas traçavam apenas uma pequena parte do planeta, e com contornos bastante diferentes dos atuais.

Alguns daquela época conseguiram superar o medo imposto por aquele paradigma, onde historicamente sabemos que os portugueses se lançaram com muita coragem às grandes navegações e assim expandiram os domínios do conhecimento geográfico no globo terrestre.

Que tal superar o seu medo e expandir o seu autoconhecimento e adentrar em novos oceanos existenciais na busca de uma espiritualidade maior e mais plena? O convite está feito……