Dizem que quem ajuda deve ter memória curta, mas quem recebe deve ter memória longa.  Qual é a moral desse pensamento? Você sabe? Tem um episódio bíblico que nos ajuda a compreender claramente essas ideias. Indo à Jerusalém, Jesus Cristo entrou em determinada aldeia e  lá existiam 10 leprosos que de acordo com as Escrituras  (Lucas 17:13 NT)  todos os dez correram ao seu encontro. Naquela época, as pessoas que eram portadoras de lepra eram condenadas a viverem afastadas e isoladas de tudo e de todos. De longe, ao verem Jesus entrando na aldeia, os dez leprosos levantaram a voz dizendo a Ele: “Jesus, Mestre tem misericórdia de nós”.

Jesus vendo-os mais de perto os curou e lhes disse para que fossem embora e que mostrassem aos sacerdotes que estavam totalmente curados. Todos os 10 homens sairam correndo limpos, curados, eufóricos e felizes, mas teve um deles que era samaritano, e que ao perceber que estava totalmente curado, voltou na mesma hora para agradecer ao Cristo, glorificando à Deus em voz alta. Esse homem quando se aproximou caiu aos pés de Jesus com o rosto na terra e deu-lhe graças!

Jesus, ao ver a atitude de gratidão desse homem lhe perguntou: “Não foram dez os limpos? E onde estão os outros 9?”

Em seguida, Cristo disse a ele para levantar-se e seguir, pois a fé dele o tinha salvado.

Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão esse estrangeiro?” (Lucas 17:17-18)

Essa passagem evangélica é puro alimento espiritual para compreendermos, meditarmos, sentirmos e vivermos a gratidão.

O reconhecimento dos esforços de uma outra pessoa em relação à nós é uma atitude espiritualizada, pois muitas vezes as pessoas não retornam à alguém que as ajudaram nem em atos, nem em orações, ou bens materiais, até mesmo em palavras ….e nem mesmo em atitudes afetuosas….como os 9 leprosos curados pelas mãos do Cristo.

PARE E PENSE: A QUEM VOCÊ É GRATO?

Veja que o ato de ajudar, dar e facilitar a vida das outras pessoas são verbos que combinam com gratidão. Sim! Não há dúvida de que ajudar é um ato que nos faz sentir bem por si só, mas não há dúvida de que receber agradecimentos pelo nossos esforços, atenção ou tempo dispensado, é também reconfortante e fortalece laços.

No entanto, algumas pessoas não compartilham dessa perspectiva. Essas são pessoas que podem ser consideradas ingratas porque não reconhecem ou valorizam o que os outros fazem por elas. Essas pessoas até apreciam a ajuda recebida, pois adoram receber, mas não reconhecem o esforço da outra pessoa em ajudá-las.  O que será realmente que se esconde por trás do comportamento de pessoas ingratas? Você sabe?

Gratidão não é apenas um sentimento, é também uma habilidade e uma forma de ver o mundo

Por muito tempo pensou-se que a gratidão era apenas um sentimento que experimentamos quando estamos sujeitos a ações benéficas de outras pessoas. Se alguém nos dá uma mão quando mais precisamos, ou nos dá um presente ou dedica parte do seu tempo, normalmente um sentimento de gratidão é ativado dentro de nós. Será que é assim mesmo?

Bem, a gratidão não é apenas uma emoção, ela também tem um componente cognitivo. Para nos sentirmos gratos, devemos primeiro ser capazes de apreciar, mas apreciar o quê? Aprecie o gesto que tiveram para com você, aprecie os efeitos positivos dessa ação da outra pessoa e o esforço ou intenção do outro. Saiba que esse tipo de apreciação é uma habilidade que as pessoas ingratas não desenvolveram ao longo da vida.

Na verdade, pesquisadores da área da Psicologia do Hope College, em Michigan, acreditam que as pessoas ingratas simplesmente não têm a capacidade de se sentirem gratas. Afirmam que a gratidão “é uma experiência de abundância, com a consciência de ser o destinatário de um bom presente do doador”, o que implica a valorização do próprio ato. Eles também explicam que “a gratidão é sobre doadores, presentes, destinatários e atitudes de doadores e destinatários uns com os outros. Explicam que é uma emoção profundamente social.”

Psicólogos da Universidade de Manchester deram um passo adiante, sugerindo que a gratidão não é apenas uma habilidade, mas é experimentada no nível disposicional. Afirmam que é uma atitude perante a vida que implica poder perceber e apreciar o que há de positivo no mundo. Portanto, as pessoas ingratas seriam programadas para ver favores, ajudas e/ou presentes como se não fossem suficientemente boas ou não estivessem à altura, de modo que não poderiam sentir gratidão.

De qualquer forma, tudo isso indica que a ingratidão tende a ser desenvolvida durante os primeiros anos de vida. Se os pais não ensinaram seus filhos a valorizar e apreciar o que os outros fizeram por eles, é provável que os filhos acabem desenvolvendo o que é conhecido como Síndrome do Imperador.  Como resultado, eles arrastarão essa visão egocêntrica do mundo para a idade adulta e assumirão que os outros são obrigados a atender às suas necessidades e desejos. Essa forma de entender o mundo os impedirá de experimentar a gratidão e de ir adiante com plena saúde mental e espiritual.

Os 5 riscos que as pessoas ingratas enfrentam

A ingratidão não é uma boa companheira de viagem evolutiva. É verdade que quem ajuda pode se decepcionar se não perceber gratidão no outro, mas quem não sente gratidão leva a pior parte no sentido espiritual.

1. Infelicidade crônica. “A infelicidade é uma doença contagiosa causada por uma deficiência crônica de gratidão”, escreveu Mokokoma Mokhonoana e a ciência confirma: a capacidade de sentir gratidão tem sido associada a altos níveis de felicidade. De fato, o estudo realizado no Hope College, em Michigan, provou que a gratidão é um excelente preditor do nível de felicidade, bem-estar e satisfação na vida.

A ingratidão, ao contrário, nos condenaria a um ciclo de infelicidade crônica. Como a gratidão não é sentida apenas com as pessoas que nos ajudam, mas também na vida, as pessoas ingratas estariam condenadas a um ciclo de insatisfação. Não sendo capazes de apreciar a vida como um presente extraordinário, é mais provável que se sintam permanentemente insatisfeitos.

2. Ligado ao trauma. Não existe ferramenta melhor do que a gratidão para lidar com situações adversas e traumas psicológicos . Vários estudos mostraram que podemos nos sentir gratos em diferentes condições, mesmo nas difíceis. Na verdade, as pessoas que se recuperam mais rapidamente de um trauma são aquelas que aprendem a se concentrar nas coisas positivas de suas vidas, sentindo-se gratas por elas, em vez de se concentrar no que perderam ou não têm.

A reavaliação centrada nos benefícios implica uma abordagem mais positiva que ativa emoções benéficas e provoca reações neurofisiológicas positivas. A gratidão nos ajuda a nos desconectar das emoções tóxicas e dos pensamentos ruminantes, permitindo que nos concentremos no positivo. Ou como Sonja Lyubomirsky disse: “A gratidão é um antídoto para emoções negativas, um neutralizador de inveja, hostilidade, preocupação e irritação”.

3. Mais transtornos mentais. A longo prazo, a ingratidão gera um estado psicológico doentio, caracterizado por ciclos de expectativas irrealistas e frustrações em que a pessoa é incapaz de apreciar em medida justa o positivo que lhe aconteceu.

É por isso que não é estranho que um estudo realizado na Virginia Commonwealth University revele que pessoas ingratas têm um risco maior de sofrer de transtornos mentais como depressão maior, transtorno de ansiedade generalizada, diferentes tipos de fobias, bulimia nervosa, além de quedas em comportamentos de dependência, seja para nicotina, álcool e drogas.

4. Condenado ao desespero. Um dos maiores perigos que as pessoas ingratas enfrentam é que sua vida se torna uma profecia autorrealizável. A ingratidão faz com que os outros desistam de ser gentis com eles, então os ingratos acabam presos na armadilha que armaram. Quando deixarem de receber ajuda, pensarão que o mundo é um lugar hostil onde não há bondade, sem perceber que foram suas atitudes que os afastaram dos outros, deixando-os sozinhos.

Conheça essa antiga lenda judia que fala de um homem condenado à morte e que ia ser apedrejado:

  • Os carrascos lhe jogaram grandes pedras. O réu suportou o terrível castigo em silêncio. Nenhum grito. Na sua condição, compreendia que a desgraça havia caído sobre ele e que seus gritos de nada serviriam.
  • Passou por ali um homem que havia sido seu amigo. Pegou uma pequena pedra e atirou na direção do condenado. Somente para demonstrar que não era do seu partido.
  • O pobre condenado, atingido pela diminuta pedra, deu um grito estridente.
  • O rei, que a tudo assistia, ordenou que um de seus lacaios perguntasse ao réu porque ele gritara quando atingido pela pequena pedra, depois de haver suportado sem se perturbar as grandes.
  • O condenado respondeu: As pedras grandes foram atiradas por homens que não me conhecem, por isso me calei. Mas o pequeno seixo foi jogado por um homem que foi meu companheiro e amigo. Por isso gritei.
  • Lembrei de sua amizade nos tempos de minha felicidade. E agora vi sua felicidade quando me encontro na desgraça.
  • O rei compadeceu-se e ordenou que o pusessem em liberdade, dizendo que mais culpado do que ele era aquele que abandonava o amigo na desgraça.

Essa antiga lenda judia nos dá a dimensão de quanto dói a ingratidão de um amigo. Naturalmente, quanto mais estimamos e confiamos em alguém, mais nos atormentará a sua traição. A sua ingratidão.

É importante que examinemos nossas próprias ações, observando se somos ingratos.

Em especial com aqueles que estenderam a preciosidade da sua amizade, por longos anos.

* * *

REFLITA:

Se alguém te retribui com a ingratidão o bem que doaste, não te entristeças.

É melhor receber a ingratidão do que exercê-la em relação ao próximo.

E se teu problema for de ingratidão dos filhos, guarda piedade para com eles e dá-lhes mais amor…

Porque a ingratidão dos filhos para com os pais é dos mais graves enganos que se pode permitir ao Espírito, em sua marcha evolutiva.

ORAÇÃO DE GRATIDÃO

Senhor meu DEUS e meu Pai eu te Agradeço por tudo o que tens feito em minha vida: pela alegria de viver, por minha família, pelos meus amigos, pelo ar que respiro, pelos dons que me deste, pelos relacionamentos que possibilitam que eu cresça a cada dia, Por tudo.

Obrigado, PAI, pelas oportunidades que me tens dado de testemunhar o Amor com que amas a mim e a todas as pessoas.

Obrigado PAI, por Teu perdão e por dar-me uma vida plena e abundante.

Senhor, a Ti, que és o Criador de tudo o que sou e o que possuo, dedico a minha vida, clamando para que eu veja e faça sempre a TUA VONTADE, e que minhas obras Honrem e Glorifiquem o Teu nome.

Amém.